A chegada do Ayurveda ao Brasil é um reflexo de sua expansão pelo mundo, que se dá essencialmente por dois motivos principais. Primeiramente, pela sua excelência como um completo sistema filosófico e prático em promoção de saúde e como uma abordagem eficiente e acessível. Em segundo lugar, destaca-se o trabalho de mestres e vaidyas (1) indianos que se deslocaram para o ocidente e cuidaram de divulgá-lo para os diversos países desse continente.
O Ayurveda chegou oficialmente ao Brasil em 1985, por força de um convênio do Instituto Nacional de Assistência e Previdência Social (INAMPS) e do Ministério da Saúde com o Instituto de Ciência e Tecnologia Maharishi (IBCTM), liderado pelo guru indiano Maharishi Mahesh Yogi.
Uma vez firmado esse convênio, ele foi proposto pelo Ministério da Saúde e pelo INAMPS aos diversos estados do Brasil. Inicialmente três estados brasileiros aderiram ao convênio: Pernambuco, Rio de Janeiro e Goiás. Nos dois primeiros estados, o projeto não prosperou.
- Culturalmente, Vaidyas são os médicos ayurvédicos tradicionais da Índia, formados em Universidades Ayurvédicas. Atualmente, com a expansão do Ayurveda, podem receber o título de Vaidya os profissionais que se formam nas Faculdades Ayurvédicas reconhecidas pelos institutos reguladores indianos, tornando-se profundos conhecedores do Ayurveda.
No estado de Goiás, o projeto foi oferecido à Organização de Saúde do Estado (OSEGO) e foi aceito e a partir de 1986 o projeto de implantação do Ayurveda integrado à rede pública, com um sucesso tão grande que repercute positivamente até os dias de hoje.
Os vaidyas tinham muita experiência em botânica, e um dos fortes objetivos era identificar plantas medicinais comuns à flora do Brasil e da Índia.
Os especialistas em botânica de fato comprovaram que existe uma semelhança muito grande entre a flora brasileira e a flora indiana. Desta forma, foram identificadas mais de 100 plantas medicinais comuns ao Brasil e ao Ayurveda indiano.
Terminada esta primeira fase do projeto, foram trazidos outros vaidyas experientes na prática clínica e no ensino do Ayurveda.
E aí aconteceu o primeiro Curso de Fitoterapia Ayurvédica para profissionais de saúde da rede pública estadual de Goiás, destinado a médicos, farmacêuticos e agrônomos.
A partir de então e até por volta de 1995, dez vaidyas indianos vieram a Goiânia, em grupos que passavam de dois a quatro anos ensinando e acompanhando os profissionais brasileiros em cursos e estágios práticos.
A partir disso, o Ayurveda começa a se propagar pelo Brasil, inicialmente com curso de 3 meses, 6 meses, 10 meses até chegar a cursos mais longos de formação, e a partir disso, passou-se a denominar os profissionais que desenvolviam suas atividades em Ayurveda como “Terapeuta Ayurveda”.
Atualmente existem várias escolas de Ayurveda.
Diante desse crescente interesse pelo Ayurveda e da necessidade de pensar em ter um alinhamento de ação pelos profissionais, em 2016, foi protocolado no Congresso Nacional, Projeto de Lei visando a regulamentação da profissão de Terapeuta Ayurveda que recebeu o número 4884/2016 de autoria do Deputado Federal/RS Giovani Cherini. O referido processo corre dentro da sua normalidade dentro das Comissões Parlamentares.
https://www.camara.leg.br/proposicoesWeb/prop_mostrarintegra?codteor=1447216
Em 2017, o Ayurveda foi reconhecido em território nacional e incluso nas PICS - Práticas Integrativas e Complementares (Portaria nº 849/2017) sendo o Ayurveda, descrito naquela portaria, como uma maneira de viver, uma abordagem de cuidado do mundo, o que pode ser entendido como um caminho de adoção de hábitos para se cooperar com a natureza e viver em harmonia com ela.
Vale destacar que ainda na década de 80 o Ayurveda foi reconhecido pela OMS - (Organização Mundial da Saúde) como um sistema de medicina tradicional eficiente e que deveria ser adotado por todos os países e em abril de 2022, num esforço conjunto da OMS e Governo da Índia, foi inaugurado o 1º Centro Global de Medicinas Tradicionais da OMS na Índia, na cidade de Jamnagar, no estado de Gujarat.
O centro tem como objetivo catalisar a sabedoria ancestral com a ciência moderna, propondo novas perspectivas para a saúde global, com base em pesquisa, evidência e prática, assim como cooperação entre indivíduos, culturas e disciplinas.
A criação do Centro Global de Medicinas Tradicionais, com apoio da OMS, encontra justificativas em dados: estima-se que 80% da população mundial usufrua de práticas de medicina tradicional; 40% dos medicamentos farmacêuticos aprovados são de produtos naturais; 170 Estados membros da OMS reportaram utilizar medicina tradicional.
Nessa inauguração, o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom, declarou: “para milhões de pessoas em todo o mundo, a medicina tradicional é o primeiro porto para tratamento de muitas doenças. Garantir que todas as pessoas tenham acesso a um tratamento seguro e eficaz é uma parte essencial da missão da OMS, e este novo centro ajudará a aproveitar o poder da ciência para fortalecer a base de evidências para o tradicional”.
Importante destacar que os cursos de formação da Satya Escola de Ayurveda estão alinhados com as orientações do Ministério do AYUSH - Ministério do Estado para o Ayurveda, Yoga e Naturopatia, Unani, Siddha e Homeopatia (AYUSH) do governo da Índia que constantemente orienta sobre como padronizar as práticas do Ayurveda à nível internacional.
O profissional do Ayurveda no Brasil - Terapeuta Ayurveda - atua de forma complementar e integrativa no sistema de saúde como um todo, visando o equilíbrio do corpo físico, da mente e da energia, fazendo um diagnóstico através da história detalhada e exame físico minucioso. E após isto, o profissional de Ayurveda orienta métodos e recursos naturais, estilo de vida, orientações alimentares, -com alimentos da região e estação do ano-, medicamentos naturais, atividade física moderada, rotina diária saudável com prática de yoga e meditação e as eficientes terapias corporais (procedimentos manuais) do Ayurveda- como a abhyanga (a massagem ayurvédica), o shirodhara entre outros- tendo como base o raciocínio dessa linda ciência tão ancestral.